segunda-feira, 22 de outubro de 2012

raiz


sinto-me asfalto quente
mas sei que sou terra vermelha
tão rica com a simplicidade que herdei
e toda essa beleza que trago comigo
nos olhos
não no azul que os colore
na forma de ver
de sentir
aprendi a amar
a ver cores e ouvir música em tudo
em todos
o respeito e o orgulho
o valor das coisas
é só fechar os olhos
e olhar pra dentro
pra mim
e encontro meu lugar
pois sou isso
sou vocês
um pouco de cada um
amo de uma forma bonita
que chega a doer
de uma forma que não tem fim
e que nunca terá

domingo, 7 de outubro de 2012

Gerúndio.


Mas já acabou? Acabou? Nem começou. E você sabe como eu odeio essas coisas que não terminam que não começam. Na verdade, eu costumo não terminar algumas coisas, têm coisas que são melhores inacabadas mesmo. Às vezes não vale nem a pena. Mas estou me referindo a outras coisas. Isso seria bom que terminasse, sabe?! Seria mais bonito. Bonito não é a palavra. Seria mais honesto. Mas se nem começou...Por isso, que começasse então, oras! Porque não começou? Ué, porque já acabou. E isso é coisa que se faça? Na verdade cada um faz o que bem quer, você não acha bonito pessoas livres? Claro que sim. Gosto de todo esse lance da liberdade e do livre arbítrio, mas não assim... Não quando não começa. Quando já está no meio, entende? Nesse aspecto eu gosto mesmo é dos gerúndios. Indo. Ficando. Beijando. Gostando. Comendo. Lavando. Indo... Entendeu a diferença? Mas se já acabou... Dá pra conjugar verbo que não existe? Claro que não. Mas aí que está, não era pra ter acabado. No máximo, acabando... Mas para isso, deveria ao menos, ter começado. Não existe gerúndio se não há verbo. Nem continuação se não há começo.

Publica!


Você vai mesmo publicar? Vou. Mas não deveria. E por quê? Porque ele vai ver. Mas é pra ver. Na verdade, ver agora é o de menos. Vai ver isso agora porque deixou de ver muitas coisas que era pra ter visto. Ou coisas que não viu, mas deveria ter suposto. Será que ele acha que sou artificialmente programada para não ter pêlos, cutículas, olheiras e mau humor? E sobre a dor nas pernas, o salto alto, a calcinha desconfortável, os cds e filmes que tive que baixar só pra ter mais assunto, parecer interessante... Mas você é interessante. Sou? Interessante e linda. E quem disse que precisa de salto? Não precisa? Não. Precisa de você. Do que você achar que precisa. Não precisava ver aquele filme chato, então? Não, era só dizer que nunca viu. Assim como ele nunca ouviu sua banda favorita, seu filme favorito, aquele clipe do The Cure. Aliais, todo mundo já viu aquele clipe do The Cure. Ele não. Porque as pessoas são assim, elas vivem a vida delas. Na verdade, a frase é no masculino. Eles vivem a vida deles. Deveríamos fazer o mesmo. Mas nós fazemos, vivemos a nossa vida, mas passamos a vida a pensar em todo mundo, em nós, neles, nas plantas, nos cachorros, nos que os outros vão pensar... Cansa né? É! E quer saber? Publica. 

E as coisas bonitas estão aonde não podemos prever. Aquilo que vem e acontece e pronto. Sem avisar. Quero mais surpresas, mais encontros inesperados, mais aleatoriedade nos acontecimentos. Mas assim... Bem lentamente, pra dar tempo de viver, sentir e registrar tudo, pra poder lembrar depois. De novo e de novo. Eu gosto assim, de acasos intensos... Mas um de cada vez.