domingo, 9 de outubro de 2011

Qualquer.

Eu gostava de quando você era único, de como era especial e de como fazia eu me sentir especial também. De quando você era diferente, era sem querer o que eu sempre quis, era tudo isso, era você.
Era o que eu achava certo, era intenso, verdadeiro, era melhor do que qualquer sonho, pois era real. Ainda que uma realidade distante, uma realidade futura, era plano e era pacto, era fruto do acaso, do mais belo dos acasos.
Eu amava olhar a lua, e saber que de algum lugar, do lugar mais bonito, você também a olhava, me ligava no meio da noite pra dizer "abra a janela, a lua está linda!". A lua nunca mais foi tão bonita.
Eu não gosto desse ser igual a todos os outros que você se tornou, você nunca foi normal, comum. Você era a espera que mais me valia a pena, a distância que mais me preenchia, a dor mais prazerosa, e agora é somente espera, distância e dor.
Você tinha tudo pra ser o cara mais especial do mundo. Pra mim. Mas optou por ser apenas mais um no mundo. Pra qualquer um. E até que meu ceticismo passe, eu quero passar o resto dos meus dias nesta cama. Pelo menos neste final de semana.

sábado, 8 de outubro de 2011

Sobre castelos e abortos

Não podemos dizer que me iludi sozinha, pois se há um iludido, é porque houve ilusão, e ilusão assim não se cria sozinha. Cria-se junto. Dia após dia, passo a passo. Grão a grão fomos construindo nosso castelo de areia, levantando muros e construindo sonhos, cultivando esperanças e expectativas, mas simplesmente, do nada, você abandonou a pá e o balde e me deixou sozinha, levantando muros mais altos e mais fortes, construindo sonhos mais densos e cada vez mais reais, e quando  olhei pro lado, você estava longe, construindo outro castelo, outros sonhos e outros muros. Me vi sozinha. Você nem sequer deu uma chance pro nosso castelo, pra nossa relação.  Ela nem teve tempo de se desenvolver, crescer, florescer. Não teve tempo e não teve escolha, foi interrompida, abortada, como um feto no útero que não quer nada além de uma chance. Ele não escolheu estar lá, se surgiu foi porque lhe deixaram entrar, usaram de um amor que no fundo não havia, criaram um ambiente propício pra possibilitar sua entrada e estadia, e no fundo, nada ali existia. O castelo desmoronou, os sonhos desperdiçados, tive que largar minha pá e meu balde sem sequer ter escolha. Me sinto abortada.