A primeira queda é sempre a pior, a dor e o medo são terríveis, a ponto de nos fazer refletir se nos convém tentar de novo, mas passada a dor lembramos-nos da sensação gostosa de liberdade, de adrenalina, de velocidade, o vento gelado que batia no rosto e fazia voar os cabelos. Passado o medo, a vontade de sentir tudo àquilo de novo é bem maior, vontade de sentir-se vivo novamente.
Depois de um tempo aprendemos a cair, mas pra aprender é preciso cair bastante, de todas as formas possíveis, e não ter medo, pois já provamos que essas quedas não matam, pelo contrário, fortalecem.
E a cada nova queda, uma nova cicatriz, que no começo dói, mas depois com o tempo passa. Não que a cicatriz vá sumir, ela continuará ali, pelo resto da vida, mas com tempo não doerá mais, até que se transforme em só mais uma marquinha em seu corpo e em sua memória.
Com o passar do tempo você nem lembrará mais o quanto doeu, e estará pronto pra outra. Depois de tantas marquinhas, você aprenderá a gostar delas, passará a colecionar marquinhas, e mostrará a seus amigos como prova das loucuras em que viveu. Até que – mesmo parecendo loucura – você começará a gostar de cair, pois a cada queda, uma história, uma experiência, a cada experiência um aprendizado, sem contar os mimos e a preocupação dos amigos e familiares.
Os anos passam, apesar de nos desequilibrarmos de vez em quando, já não caímos mais como antes, parece que além de aprender a cair, aprendemos a prever as quedas e assim conseguimos nos esquivar. Depois de um tempo você percebe que mesmo que queira, não consegue mais cair, mesmo se jogando de um lado pro outro, não nos desequilibramos mais, e é quando, finalmente, você descobre que aprendeu, e pode afirmar com toda certeza: Já sei andar de bicicleta!
E é com muito prazer que convido a todos : Vamos colecionar marquinhas???
Beijos e até a próxima!